Ela foi muito conhecida como Lurdinha, era saltitante e bela; seu auge foi nos idos da década de 60. Esguia, magrela, tinha a capacidade de se alargar quando estava nos braços dos soldados; mas adorava um sargento.
Ela era assim, aninhava-se junto ao peito de quem acariciava suas costas e esticava-se quando era colocada debaixo do braço daqueles que a amavam.
Nasceu próxima aos nazistas, numa guerra em que a Dinamarca estava envolvida; tinha uma irmã bem mais velha, a Madsen.
Quando Adolf invadiu o reino da Danmark, no início da segunda
Guerra Mundial, por uma questão de acaso lá estava um brasileiro de nome Plínio
Paes Barreto Cardoso; mais tarde ele seria o pai da Lurdinha.
Os dinamarqueses receberam em missão técnica o brasileiro
Plínio Paes e confiaram a ele alguns projetos, mais especificamente o de armas
leves; em desenvolvimento estava o projeto de uma submetralhadora e que não
teve continuidade em função da guerra. Antes de que Adolf colocasse mãos nos
projetos de Plínio Paes ele voltou ao Brasil, pois o reino caíra em mãos dos
alemães; com ele vieram todos os projetos em desenvolvimento, principalmente o
da submetralhadora.
A irmã mais velha da Lurdinha era a Madsen, uma linda
dinamarquesa que foi deixada a mercê dos alemães.
Salvara-se Lurdinha, pela agilidade daquele brasileiro, um
militar que na época tinha um posto no oficialato; não lembro se era 1º ou 2º
tenente; ou mesmo se já era um capitão; sei, sim, que foi como General R1 que
implantou no Brasil o projeto INA, no ano de 1949, coincidentemente no mesmo
ano que minha mãe estava grávida deste que vos escreve; eu fui nascer no final
daquele ano, bem próximo a data de nascimento da Lurdinha.
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Madsen M-1946 |
Que projetos foram esses? O da submetralhadora Madsen modelo
1946, que daria suporte a criação da submetralhadora conhecida mais tarde como
INA, mesmo nome da empresa que o General fundaria no Brasil: A "Indústria
Nacional de Armas", no bairro de Utinga, na cidade de Santo André, Estado
de São Paulo.
Adotada pelo Exército Brasileiro e também pela Brigada
Militar do Rio Grande do Sul, assim como, mais tarde, pelas Polícias Militares
de todo o Pais, a submetralhadora INA tinha um calibre diferente da sua irmã
dinamarquesa, a Madsen 1946.
A diferença principal da original dinamarquesa foi a mudança
do calibre, de 9 mm Luger para o 45 ACP.
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INA, a Lurdinha |
A Lurdinha teve a péssima fama de engasgar, principalmente
nas rajadas intermitentes e nas mãos dos policiais; a culpa nunca foi da
Lurdinha, tampouco de seus "amantes", que a manejavam com perícia. O
problema sempre foi da munição .45 ACP, de fabricação nacional e de péssima
qualidade, com cartuchos muito velhos e que foram entregues aos policiais,
piorando mais ainda a fama de "negaciar" (negar fogo).
Mas quem, como eu, não amou a Lurdinha?