Quando começa o entardecer e o
manto imenso da escuridão se aproxima, por mais nobres que sejamos nossas almas
empalidecem, ao vislumbrarem o sol se pondo. Alguns fortes se firmam em
discursos heroicos, outros, crentes, se conformam com o destino. Céticos tremem
ao se renderem ao inexorável e os agnósticos, enfim, quedam-se para um canto em
busca de amparo.
A pior das batalhas é essa
espera. Olhos fixos em nenhuma direção, contemplando o nada e esperando o
vazio.
Assim é!
As indagações que perambulam
pelos sentidos são pequenos cálices de uma leve cicuta percorrendo os caminhos
amassados pelo tempo e deixando como rastro o formigamento do passado
esquecido.
É mais um sol que se aproxima do
ocaso!
Não se pode deter esse trânsito
no tempo que, sorrindo, apenas contempla o dia-a-dia desses vai-e-vem
constantes. Os passos empurram e mesmo arcados seguem-se um a um o trâmite
burocrático que exige o rigor da passagem e o salto intransponível das
incertezas.
É mesmo assim! Aos crentes e aos
céticos.
Não sobrarão nem mesmo os
agnósticos que, na solidão das suas fraquezas, e no descuido dos seus talvez,
terão perdão às seus descasos.
Essa certeza é espada de glória;
os fortes quebraram sua lâmina; os fracos não conseguiram empunha-la. Aos
inúteis o prêmio da alienação.
Não sejamos inúteis!
O brilho desse sol se foi; antes
do ocaso, sei que foi.
Eis a glória!
Nenhum comentário:
Postar um comentário