quarta-feira, 20 de abril de 2022

QUANDO CHEGAR O AMANHÃ...

Constantemente, nessa passagem pelo tempo, nos deparamos com o pensamento voltado ao passado e reunindo recordações de tudo que nos foi prazeroso: Alegria pelas conquistas, emoção pelas vitórias, satisfação pelos reconhecimentos que nos foram depositados por conta de nossas atitudes ou de nossos feitos. 

O pensamento invariavelmente alimenta nosso ego quando sai do presente e se transforma em um arqueólogo, cavando avidamente no fundo de nossa memória o que de mais precioso ficou escondido durante os anos que deixamos para trás nessa correria desenfreada em busca do futuro.

Nessa busca interior muitos de nós passamos anos de nossas vidas carregando os troféus e, outros de nós, sozinhos com suas culpas, mas  que deveriam ser divididas entre os atores da história; entre eu e meu interlocutor; entre eu e quem mais participou do mesmo tempo histórico que dividimos nessa nossa caminhada existencial. 

Assim é que não somos culpados sozinhos; não somos heróis sozinhos; não nos acovardamos sozinhos; não vencemos ou perdemos sozinhos.

Mesmo tendo presente tal clareza em minha consciência surpreendo-me quando em desaviso emocional fico a pensar sobre alguns impropérios que me foram lançados à responsabilizar-me por contendas passadas, como se fosse possível alguém subir à um ringue e lutar sozinho; ganhar e perder, tudo ao mesmo tempo, sem que haja atores em tal história.  Obviamente que seria uma luta invisível com ele próprio, se assim fosse, e que só poderia acontecer nas fantasias de quem se acredita imune à sua própria história.

Mas, quando chegar o amanhã, certamente desvendaremos todas as lacunas esquecidas no fundo de nossa alma, e nos libertaremos de culpas e de pecados; de vitórias e de derrotas; de humildades e de egos, pois nossa história não mais nos pertencerá e estará aberta às interpretações, deixando-nos livres na liberdade de Ser!



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