sábado, 29 de janeiro de 2022

A TAPERA PERDEU A GRAÇA!

Quem mora em Florianópolis e transita entre a ilha e o continente não pode deixar de olhar a vastidão do mar e a beleza do céu. Ao transitar, célere ou não, pela ponte Ivo Campos, percorrer com o olhar, até onde a vista alcança, e vislumbrar, à sua direita, lá, distante, um recanto esverdeado chamado Tapera, que se esconde do mundo e abre-se ao sonho de um faz-de-conta, torna o homem mais humano.

Sempre que transito por àquela ponte meu olhar ligeiro percorre o espaço vazio até chegar naquele pequeno e distante amontoado de casinhas, aqui e acolá, que a vista não distingue direito, mas que eu sei que lá está.

Sempre foi muito reconfortante olhar para a distante Tapera; passar pela ponte e misturar o olhar com o pensamento e saber que na Tapera tinha amor, amizade, tranquilidade e alteridade; saber que tudo estava lá; mesmo que lá não fossemos.

Sentir que a qualquer momento poder-se-ia desfrutar daquele conforto pessoal que misturava alma e espirito; que sorrisos alegres e conversas de ontem e de hoje somavam-se com vidas que se reuniam na saudade do ontem; tudo isso, ou apenas isso, já tranquilizava o nosso agitado pensamento.

Mas a Tapera entristeceu; murchou seus campos e matas; a distância se perdeu, pois não é mais prazeroso percorrer àquele espaço que separava anseios, lembranças e vidas.

A Tapera não tem mais vida; a Tapera Morreu!

Cb Irapuan; Cb Gandon; Sd Rodrigues.

(Este texto, escrito com emoção, é dedicado à memória de um estimado colega de Farda: O Cabo Gandon; na foto: ao centro. E, também, à quem com ele conviveu.

Tapera foi sua última morada e o lugar onde alguns de nós, colegas de farda, estivemos várias vezes relembrando o amável, ético, ordeiro e responsável convívio da caserna)


segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

A EXISTÊNCIA HUMANA...

 ...dádiva divina que o homem até hoje, mesmo com sua pomposa racionalidade, teima em fazer de conta que tem o controle, nada mais é do que uma caminhada a "passos largos" pelo tempo.

No decorrer dos séculos conseguimos alguns avanços na área da medicina que possibilitaram ao homem acreditar que tais avanços poderiam ou podem fazer com que prolonguemos a existência. Mas, cada vez que tal pensamento se dissocia da humildade científica e se torna um culto ao ego, o homem cai tropeçando nas suas próprias ambições.

O poder humano é temporário e frágil e àquele que não consegue vislumbrar tal fragilidade existencial será apenas um nada, pois o que lhe resta é simplesmente o nada.
O tempo passado é a prova de que nada somos neste mundo; apenas estamos de passagem.

Filosoficamente apregoamos que ao mesmo tempo que o homem faz o mundo ele também se faz no mundo; elevamos mais ainda nossa digressão filosófica e acreditamos que o homem "É" no mundo e não simplesmente "está" no mundo. É a velha discussão do Ser e do não ser. Mas Ser no mundo exige-nos uma consciência metafísica e por tal exigência é certo que alguns homens simplesmente "estão" no mundo, como um veleiro sem controle que é levado pelo vento à um ponto indefinido.

Quem somos nós, homens, e para onde iremos?

Sem a consciência metafísica velejaremos em direção ao nada!