Quem mora em Florianópolis e transita entre a ilha e o continente não pode deixar de olhar a vastidão do mar e a beleza do céu. Ao transitar, célere ou não, pela ponte Ivo Campos, percorrer com o olhar, até onde a vista alcança, e vislumbrar, à sua direita, lá, distante, um recanto esverdeado chamado Tapera, que se esconde do mundo e abre-se ao sonho de um faz-de-conta, torna o homem mais humano.
O Prof. Irapuan Teixeira, PhD, pesquisador da Florida Christian University - Orlando/USA, escreve desde o ano de 1989 sobre a Realidade Política no Brasil. Ao se aposentar do Parlamento Brasileiro criou o "Blog do Ira" e o Blog VISÃO POLÍTICA em Agosto de 2007. «Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice.» (Émile Zola)
sábado, 29 de janeiro de 2022
A TAPERA PERDEU A GRAÇA!
Sempre que transito por àquela ponte meu olhar ligeiro percorre o espaço vazio até chegar naquele pequeno e distante amontoado de casinhas, aqui e acolá, que a vista não distingue direito, mas que eu sei que lá está.
Sempre foi muito reconfortante olhar para a distante Tapera; passar pela ponte e misturar o olhar com o pensamento e saber que na Tapera tinha amor, amizade, tranquilidade e alteridade; saber que tudo estava lá; mesmo que lá não fossemos.
Sentir que a qualquer momento poder-se-ia desfrutar daquele conforto pessoal que misturava alma e espirito; que sorrisos alegres e conversas de ontem e de hoje somavam-se com vidas que se reuniam na saudade do ontem; tudo isso, ou apenas isso, já tranquilizava o nosso agitado pensamento.
Mas a Tapera entristeceu; murchou seus campos e matas; a distância se perdeu, pois não é mais prazeroso percorrer àquele espaço que separava anseios, lembranças e vidas.
A Tapera não tem mais vida; a Tapera Morreu!
(Este texto, escrito com emoção, é dedicado à memória de um estimado colega de Farda: O Cabo Gandon; na foto: ao centro. E, também, à quem com ele conviveu.
Tapera foi sua última morada e o lugar onde alguns de nós, colegas de farda, estivemos várias vezes relembrando o amável, ético, ordeiro e responsável convívio da caserna)
segunda-feira, 17 de janeiro de 2022
A EXISTÊNCIA HUMANA...
...dádiva divina que o homem até hoje, mesmo com sua pomposa racionalidade, teima em fazer de conta que tem o controle, nada mais é do que uma caminhada a "passos largos" pelo tempo.
No decorrer dos séculos conseguimos alguns avanços na área da medicina que possibilitaram ao homem acreditar que tais avanços poderiam ou podem fazer com que prolonguemos a existência. Mas, cada vez que tal pensamento se dissocia da humildade científica e se torna um culto ao ego, o homem cai tropeçando nas suas próprias ambições.
O poder humano é temporário e frágil e àquele que não consegue vislumbrar tal fragilidade existencial será apenas um nada, pois o que lhe resta é simplesmente o nada.
O tempo passado é a prova de que nada somos neste mundo; apenas estamos de passagem.
Filosoficamente apregoamos que ao mesmo tempo que o homem faz o mundo ele também se faz no mundo; elevamos mais ainda nossa digressão filosófica e acreditamos que o homem "É" no mundo e não simplesmente "está" no mundo. É a velha discussão do Ser e do não ser. Mas Ser no mundo exige-nos uma consciência metafísica e por tal exigência é certo que alguns homens simplesmente "estão" no mundo, como um veleiro sem controle que é levado pelo vento à um ponto indefinido.
Quem somos nós, homens, e para onde iremos?
Sem a consciência metafísica velejaremos em direção ao nada!
sexta-feira, 7 de janeiro de 2022
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