quinta-feira, 30 de julho de 2015

FRAGMENTOS I

A vida é tão tênue, presa por um ínfimo fio à existência, que pelo simples fato de existirmos o Ser e o Não-Ser estão justapostos. (In "Quase Diário", Editora da Universidade)

terça-feira, 28 de julho de 2015

ALTERIDADE

A mágoa talvez seja inimiga da reconciliação. Pessoas que um dia estiveram juntas e, por divergências existenciais, daquelas em que o foco da vida é visto através de ângulos diferentes, podem cultivar resíduos sentimentais que chegam a cegar o olhar, criando uma nuvem que ofusca até mesmo a visão do bem comum.

O fato de os pares estarem em desacordo sentimental não deveria significar que as arestas não resolvidas continuem a interagir entre ambos ao ponto de gerar conflitos em terceiros.

É o caso de pais que resolveram por decisão própria, ou por acidente de percurso, gerar um filho e, depois, concluíram que seus caminhos nunca foram trilhados pela mesma estrada.

Quando, um e outro, agora no seu percurso próprio, continuar com a nuvem escura frente à fonte das suas interpretações, seja ela de cunho social, da vida pragmática; seja ela de cunho existencial, da existência vivida, nunca descortinará a possibilidades de, ele próprio, ser feliz, pois a magoa impossibilitará toda forma de um viver pleno de satisfações.

Pior do que tudo isso  é levar, de roldão, àquele que, em sua vida espiritual, o escolheu para possibilitar-lhe a vida terrena.

Olhar para dentro de si e colher o fruto da bondade, compreensão e do amor incondicional é tarefa imediata que toda e qualquer pessoa nessa situação deveria se propor.

É importante colocar-se em alteridade; eu sou eu e o outro é como eu. Eu sou sujeito e o outro é, também, sujeito. Não existe objeto nessa relação, embora quase que a totalidade dos seres-humanos continuem agindo como se houvesse.

Ab imo pectore!


(À minha filha Mariana: do fundo do meu coração!)

In "Conquiste seu Filho" - livro no prelo da Ed. Evangélica

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segunda-feira, 20 de julho de 2015

FAMÍLIA MODERNA

Tradicionalmente o encanto entre um homem e uma mulher era estabelecido pelo doce e ingênuo percurso do olhar, que se debruçava sobre o outro e fixava-se nos olhos. Era a contemplação!

O olhar e os olhos eram as peças fundamentais para um jogo de estética que se consubstanciava no encontro. O encontro dos olhos, intermediado pelo olhar. Assim nascia o amor com sua brandura e esplendorosa doçura. Amar era entregar-se ao outro e o outro era sujeito. Esse encontro de dois diferentes que, ao mesmo tempo, eram dois iguais, anunciava uma união de sujeito com sujeito, sob o beneplácito da alteridade.

Hoje, no mundo moderno, as pessoas se desejam sexualmente. Sim, sexualmente. Não é o rosto aformoseado que atrai e, se o fosse, implícita estaria a sexualidade. A prova inconteste é o fogo da paixão. Nenhum encontro entre homem e mulher desperta o amor; o que explode imediatamente é a paixão; o desejo, a vontade, a posse, a possibilidade do gozo e do êxtase.


O mundo atual não tem mais tempo para a contemplação! O olhar doce que um dia se debruçou sobre o outro agora perdeu a ingenuidade, a delicadeza, a quimera, o sonho; excluindo a possibilidade da alteridade e submetendo-se ao pragmatismo.

O homem do mundo de hoje é pragmático; excessivamente pragmático! A paixão é prova disso; avassaladora e frenética subjuga o outro sem que seja percebida, estabelecendo-se uma relação de sujeito e objeto. Destrói a alteridade e implanta o reinado do ego.

É neste mundo dos homens pragmáticos que as relações interpessoais acontecem e se organizam em uma nova convenção social denominada de "família moderna". Essa "família moderna", não está mais alicerçada nos pilares tradicionais e o conceito de mãe e pai foi desmitificado. 

O pai é uma peça nesse tabuleiro de xadrez; e é considerado eventual, embora necessário no ato da concepção. A mãe só não é uma peça eventual em função do útero, indispensável para abrigar o novo Ser pelo período necessário à sua fuga do casulo. Assim geram-se novos seres-humanos com pais eventuais e mães de ocasião.

Não é raro ouvir-se do senso comum que "pai é aquele que cria"; recentemente uma nova artimanha foi construída para forçar e justificar situações: o "pai do coração". Mas será mesmo que isso funciona emocionalmente?

Por sua vez a mãe, na "família moderna", também perdeu seu papel original e desconstruiu o mito que um dia lhe possibilitou inúmeros adjetivos, coroado com o mais esplêndido que foi o da perfeição.

Assim é que, o filho, fruto dessa "família moderna", é conseqüência! A mulher deseja ter um filho e acredita que pode cria-lo sozinha, que não necessita de um pai a não ser para gera-lo; vai em busca de quem aceite tal absurdo ou engana aos incautos gerando "por conta própria". 

Isso não é raro hoje em dia! 

Outros casais, ao se desvencilharem, esquecem os filhos, que são empurrados à quem os queira ou suportado, invariavelmente, pela mãe. Raríssimas são as exceções em que o pai seja o guardião. Evidentemente haverá aqui um outro tema a ser debatido amplamente, a Pensão Alimentícia, que ficará para um próximo texto.

Assim é que temos pai-mãe e mãe-pai; dois em um.

Fosse somente isso e estaríamos tranquilos pois a criança ainda teria salvação. Mas não! Vários outros "quiprocós" intervêm para sacrificar mais ainda a criança e a Alienação Parental é mais uma das absurdas atitudes que um ou outro impõem ao filho, as vezes sem nem saber o que é isso. 

É tão complexa uma análise como esta que o tema Alienação Parental também deve ser objeto de uma outra discussão, ou texto.

Mas pai-mãe ou mãe-pai talvez fosse menos pior do que realmente acontece. Nem o pai e nem a mãe continuam a viver sozinhos. Ao desvencilhar-se de um encilham-se em outro. É a regra! A exceção é tão ínfima que não perderei tempo em comenta-la.

Unir-se à outra pessoa trazendo consigo um terceiro é àquilo que o senso comum denomina como "já vem com a mala completa"; ou, como dizem no Sul, já vem de mala e cuia.

Tanto o homem como a mulher terão que aceitar o filho de outro! 

Imagine uma relação assim! 

São raríssimos os casos em que essa aceitação seja benéfica para uma criança. E aqui falo estatisticamente, com base científica, ou seja, fruto de pesquisas. 

As exceções, repito, são raríssimas!

Imaginemos um quadro em que o novo casal já traga seus filhos. As crianças recebem um novo pai, ou uma nova mãe, e um novo irmão; sem que seja seu pai, ou sua mãe, e sem que seja seu irmão. 

O marido recebe um novo filho, sem que seja seu filho; a mulher recebe um novo filho, sem que seja seu filho. 

O "amor" moderno fruto da avassaladora paixão irá suportar a invasão do ex-marido ou da ex-esposa em seu novo lar? Sim, pois a criança estará ali todo dia demonstrando que foi gerada por alguém que não é aquele marido ou aquela esposa.

Também é estatístico: os relacionamentos se desgastam com o tempo; em muito pouco tempo. Àqueles baseados em uma nova união desgastam-se mais rapidamente em função das vivências anteriores e das comparações que invariavelmente são feitas. Uma criança "estranha" à um dos novos parceiros contribui para esse desgaste.

Não adiantam argumentos; é assim.

Mas existem exceções, ainda bem!

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quarta-feira, 15 de julho de 2015

MUNDO GELADO!

Tem postagens que é melhor não ler, vídeos que não se deve perder tempo para assistir e fotos dispensáveis; tudo circulando na internet, via Facebook.

A facilidade das informações e a rapidez com que as postagens são feitas fazem-nos acreditar que o mundo globalizado, e a internet, são-nos indispensáveis no mundo de hoje. 

Entretanto, também as calúnias, mentiras, fofocas e as montagens fictícias se reproduzem de forma meteórica e, como um tufão, destrói reputações, causando angústias, raivas, indignações e tristeza aos incautos e àqueles que são atingidos de forma covarde e mesquinha.

Você já pensou em sair do mundo virtual?

Parece impossível abandonar o mundo Virtual, fictício e fantasioso; essa força de atração, que até parece gravitacional, prende-nos à uma máquina de plástico a tal ponto que nos segrega da realidade.

Escravos de uma máquina, presos à um mundo de fantasia, sozinhos junto à uma multidão. Essa é a nossa vida neste século!

Na realdade virtual é pouquíssimo o espaço para as relações interpessoais e ao desligar o computador sobra-nos a solidão de um mundo gelado.

terça-feira, 14 de julho de 2015

RELEMBRANDO...

Relembrar faz parte da existência do homem; viver somente olhando para a frente pode ser que tropecemos em alguma pedra; viver somente o presente certamente nos faltará informações, orientações e ensinamentos. Olhar para trás, com o devido cuidado, não é pecado mortal. Assim, pois, é que algumas vezes me surpreendo absorto em pensamentos e não raro conversando com fatos de um tempo.

Wandinho Souza
Advogado/Juiz de Paz

Hoje a chuva cai torrencialmente, o barulho que faz no telhado "onduline", um reciclado que auxilia o futuro, lembrou-me as chuvas de Divinópolis, na cobertura que me foi cedida pelo amigo e ex-colega de cátedras Wandinho Souza, através da sua imobiliária, e que me proporcionou as reflexões que eram necessárias à minha existência naquele tempo.

Pois, com a chuva e a lembrança de Divinópolis, a mente caminhou naquela direção a numa fila indiana foi cumprimentando os amigos que lá se consubstanciaram, e que lá ficaram... Desses tantos, muitos também ex-alunos, ainda perduram os especiais, graças a essa tal de invenção tecnológica tão admirada pelos solitários: A internet! 


Adriana Ferreira - Advogada
E nessa linha senoidal do pensamento, no vai-e-vem das lembranças, Adriana Ferreira surgiu no abraço da saudade. Ela é uma advogada mineira, ainda morando na saudosa Divinópolis, cidade que adora e que hoje tem 228.643 habitantes. Não é mais a cidadezinha em que me "refugiei" por alguns anos, vindo da França e com muitas interrogações existenciais para resolver. Paris tinha sido uma festa, mas as festas acabam e a próxima exigiria uma intensa reflexão sobre o que fazer? Claro, sempre temos um que fazer(?) em nossas vidas e Divinópolis foi o acaso que me proporcionou um tempo para refletir; e foi lá, também, que conheci Adriana, uma verdadeira amiga que despojada de qualquer interesse financeiro auxiliou-me em um dos meus mais ousados projetos daquele momento: Defender uma tese de Doutorado numa Universidade Norte-americana. 

Por que ousado? Porque, parafraseando Marine Le Pen: "eu não falo Inglês; sou brasileiro"! 

Marine Le Pen - Deputada
Marine Le Pen, que hoje está com 46 anos e é uma das 100 pessoas mais influentes no mundo, por ironia segundo a Time, afirmou à mesma revista: "Ah não, eu não falo Inglês! Eu sou francesa." E concedeu a entrevista solicitada pelos ingleses no seu idioma, o Francês. 

Marine, é uma direitista que admiro muito; a conheci em uma viagem oficial quando estava na ativa do Parlamento Brasileiro, ela ainda não tinha sido eleita; hoje é deputada e ocupa uma cadeira no parlamento europeu.  

Adriana também gosta muito do idioma Francês e eu fui contagiado pelos antigos súditos de Napoleão em função de um nacionalismo que sempre admirei. Nas diversas vezes que andei pela França não cansava de observar a beleza daquelas bandeiras em todos os prédios públicos; coisa bem diferente do Brasil, pois nem mesmo nas Embaixadas a bandeira está presente como deveria; a desculpa é que pode sujar. 

Verdade! 

Foi a desculpa que recebi ao censurar um funcionário de uma Embaixada do Brasil em uma de minhas viagens. 

Por que a Bandeira do Brasil não está hasteada? 

Pode sujar, foi a resposta.

Enfim, somos tão peculiares...

Minha amiga não só auxiliou-me na tradução da Tese como envolveu também sua irmã, a novaiorquina Andrea Ferreira. 

Trabalho perfeito! 

Depois Adriana consolidou-se como, além de amiga, uma auxiliar importantíssima nas traduções para a Revista da FADOM, que eu editava pelo Centro de Pesquisa e Pós Graduação - CEPPE, no qual fui Diretor Acadêmico por alguns anos. Todos os "abstracts" daquela revista foram trabalhos da incansável Adriana, alem das outras atribuições que tinha.

Asim é que, os amigos nos servem e nós servimos à nossos amigos. Bonita frase, mas não é assim. Alguns amigos são especiais, outros muito especiais e portanto, para esses amigos, deveremos ser especialíssimos pois gentileza se devolve com mais gentileza. É somente neste aspecto que eu concordo com "olho por olho e dente por dente".

Àquele tempo se foi, mas por ter sido especialíssimo eu olho sem medo para trás.  

Portanto, faço minha reverência aos amigos de sempre, em especial, agora, aos divinopolitanos, e em particular à Adriana Ferreira.

Longue vie à mes amis!

sexta-feira, 10 de julho de 2015

O CAMINHO

"A mais dura batalha dessa guerra rotineira é vencer a si mesmo; desvencilhar-se da negatividade, do ego, da usura, do medo, da posse, do ódio. Àqueles que a isso superarem terão, enfim, suas vidas livres das amarras fatídicas que os amordaçam e sufocam; esse caminho livre abrirá as portas da felicidade e do amor, onde encontrarão os meios afortunados da plena existência, em que a razão e a emoção se encontram." 

(Irapuan Teixeira, parte do texto "Começar de Novo", publicado no Blog do Ira em julho de 2013
)

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