sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

ELA NUNCA ESTEVE NO PALCO

 

Um artista que caminhava em direção ao microfone empurrado pela estrutura que faz do homem escravo, marionete, joguete de um poder abstrato que nos suga, absorve, consome nosso sangue até a última gota e quando nada mais resta espreme até que saia o suspiro da morte.

Assim foi a existência de Amy Winehouse, talvez como tantos mais, que são sustentados com vida, apesar de suas almas estarem mortas.

O olhar no vazio demonstrava sua fuga do presente, da realidade que a envolvia, que a dominava e que dela tirava o sangue para deleite de muitos que a rodeavam ou daqueles que a adoravam sem saber que sua presença e seu talento eram fantasmas que se punham de pé amparados pelo establishment que a tudo controla, que a todos conduz ao inferno de ostentações e ilusões.

Amy nunca esteve presente em suas apresentações; seu olhar no vazio denunciava medo, fragilidade, tristeza, dor, angústia; as mãos crispadas como querendo proteger-se de um monstro invisível que sempre a assediou e que a levou à miséria humana.

A plateia sorria quando ela ensaiava uma frase que parecia engraçada; gargalhavam com a ignorância de olharem sem ver, sem nada vislumbrarem da essência; via-se de Amy somente a frágil existência, que se agarrava ao nada, ao vazio, ao fantasioso circo de ilusões com palhaços e equilibristas existenciais. Seu grande talento viveu em um corpo apático por uma alma sofrida; doentia e dependente.

Nunca fui fã de Amy, nunca escutei suas canções como um entusiasta, tampouco como um devoto; não posso dizer que fui seu admirador, como também não posso de forma alguma contestar seu talento. Eu a via como uma grande artista, fato inegável; mas suas canções não estavam entre as minhas preferidas. Entretanto, quando observava seu rosto sofrido, tentando como um autômato gerar alegria e deleite para outros, me compadecia da sua dor escondida. Amy Winehouse nunca esteve inteira em um palco; sua alma não estava presente e seu corpo denotava vontade de fugir do mundo.

A compaixão é um sentimento que pode gerar no outro mais tristeza do que conforto e àquela artista, pelo seu talento, e por suas decisão em ser o que foi, não merece que se tenha pena pelos atos que decidiu tomar durante sua vida e pelos que a vida lhe reservou, pois a decisão de ser ou de estar no mundo é de cada um de nós, humanos, mas escrever sobre o que se observou de um artista cujo talento musicista vai integrar a história, pode ser um tributo àquela alma que esteve na existência humana tão distante do seu corpo.

À Amy Winehouse!

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

POR ONDE ANDAM AS MARIAS?

Pois a conversa girava em torno de assuntos variados, afinal quando antigos colegas de farda se encontram têm muita coisa a contar um ao outro. E foi assim, naquela noite de recordações que nos reunimos com mais outros antigos companheiros de caserna pelo whatsapp e relembramos dos vivos e dos mortos.

Noite adentro, varando a madrugda, enganando o sono com histórias e exercitando os neurônios com o esforço mental, desfilavam nomes que formavam imagens e criavam por um instante qualquer o mundo que foi real, fantasiado agora por meras lembranças que se aformoseavam a cada lápso da memória.

Quem foi o melhor atirador; qual a marcha mais cansativa; o Comandante mais rigoroso e, como não poderia faltar em conversas de soldados, as histórias das conquistas amorosas ou eventuais de jovens que despertavam para a vida sem saber o que lhe reservaria a caminhada existencial.

O avanço tecnológico tem possibilitado encurtar distâncias, facilitar conversas e reunir pessoas de vários lugares; as redes sociais promovem reencontros inimagináveis e amizades outras que nunca seriam possíveis e tampouco pensadas em um passado bem recente. Essa facilidade de comunicação reune, agrega e torna o inimaginável algo possível e assim o sonho se torna realidade ou o sonho fica mais fantasiado ainda. Ao despertarmos de tal sonho nos damos conta de que andamos aqui e acolá, conquistamos, perdemos, ganhamos, aprendemos, desenvolvemos o conhecimento e desbravamos o desconhecido em pouco mais de 50 anos, nos damos conta também de que tudo é nada e que o tempo é tão efêmero que nos liga com a vida por um ínfimo fio.

Mas, por onde andam as Marias?

É verdade!!!

Aos 18 anos a tostesterona é mais intensa que um calor de 40 graus e não raro também que soldados no alvorecer da vida pensam tanto quanto uma ameba; são raros os Nerds, a maioria dos recrutas são cabeças de vento e viveram seu tempo na ilusão do descompromisso e da casualidade.

Os chamados amores do passado pulverizaram-se na história de cada um; a regra é o esquecimento. Ninguém mais lembra desse ou daquele namoro na esquina, numa calçada distante ou resultante de um encontro casual; quem sabe um cinema e uma caminhada na Rua da Praia. Tais acontecimentos são hoje quimeras e para entender-se àquele tempo somente o vivendo, coisa que, sabe-se, é tão possível como teletransportar-se. O passado está morto! Mas nós, naquele encontro virtual, teimosamente o ressuscitamos em um esforço mental para reproduzir historietas eivadas de saudades. 

Mas por onde andam as marias que nos fizeram homens?

A existência humana é uma caminhada em que os rumos são definidos por atalhos ao longo do caminho; aqui e acolá nos deparamos com bifurcações que nos levam a outros recantos que poderão ser uma morada mais firme. As marias seguiram seus rumos e certamente tambem encontraram moradas firmes; o que resta são lembranças e talvez saudades de um tempo existencial que morre a cada esquina, a cada contorno que fazemos e a cada passo que damos. 

Não é possível meia volta volver; a única opção é marchar; e marchar em frente!

(Este texto é dedicado aos colegas de Farda do antigo 18º Regimento de Infantaria: Sgt. Selmo; Sgt. Dionísio; Cabos Adélio, Gandon, Dario, Mativi. In memoriam ao Cabo Brandolf e ao Capitão Martins, que foi recruta com todos os demais no ano de 1967/68.)

OLHO POR OLHO; DENTE POR DENTE!

Jesus Cristo através da palavra deu a orientação devida à humanidade e não ao indivíduo, pois este está em trânsito no mundo e sua responsabilidade existencial atém-se à seu grupo temporal.

Se a humanidade não compreendeu e não segue àqueles ensinamentos, gerou por sua própria e intencional ignorância mais incautos no mundo existencial, eximindo o Ser subjetivo de uma responsabilidade além da sua temporalidade.

O mundo passou a ser unicamente do homem, por sua conta e risco, a cabe à ele a responsabilidade existencial Física e não a Metafísica!

Com isso gerou-se um homem "Lobo do Homem!" 

Se o indivíduo me afronta na tentativa de me ferir deu-me a liberdade de o ferir primeiro; não com a mesma intenção dele, que é o agressor, mas com o direito inalienável e instintivo de proteger minha vida.

Se eu o matar a dívida estará paga!

domingo, 15 de novembro de 2020

O BENEFÍCIO DO MAL

Dizem certos dicionário que a palavra “benefício” significa o ato ou o efeito de fazer o bem, de prestar um serviço a outrem; auxílio, favor; ou ainda: graça, privilégio ou provento concedidos a alguém; proveito, vantagem, direito. Os mesmos dicionário esclarecem que a palavra “mal” tem o significado de alguma coisa, ou ato, que seja ou se comporte de um modo irregular, ruim; diversamente do que convém ou do que se desejaria; ou ainda de maneira imperfeita, incompleta; insuficientemente.

Dicionários mais completos, como os de Filosofia, escrevem um tratado sobre cada uma destas palavras, mas não é este nosso propósito como também não o é ficar simplesmente em definições de palavras; o que nos moveu à escrever este pequeno texto é, sim, o “benefício que o mal” traz em certas ocasiões e como estamos vivendo um momento de exceção no mundo inteiro convém refletir sobre os atos, o comportamento e as imposições que se estendem de norte a Sul e de Leste a Oeste pelo nosso planeta e que tem origem simplesmente no comportamento humano.

Autoridades duvidosas espalharam o pânico pelo mundo por conta de uma “gripe”, talvez criada em laboratório, e que está sendo tratada como “pandemia”. Não sou autoridade para definir que essa “doença” seja gripe ou qualquer outro termo médico que possa ser utilizado, por minha conta eu a trataria como arma de um crime ou como guerra biológica disseminada contra os incautos e os desprecavidos. Note-se que os Estados Unidos, considerado o País do Ocidente como o melhor e mais preparado para qualquer situação enfrenta até o mais vil dos problemas: a fraude! Comumente atribuído aos pequenos países do “terceiro mundo”.

Se não conseguem nem mesmo lidar com uma fraude eleitoral, como enfrentar agora uma guerra desenvolvida por um outro País, com uma potência militar invejável, mas não equivalente, e que se torna o agressor mundial sem que nenhum dos demais países do hemisfério tenha pelo menos a coragem de seus porta vozes de esclarecer aos menos avisados que estamos em uma guerra; e guerra biológica?!

Voltando para o senso comum, pois nada posso esclarecer sobre a situação dos serviços secretos de cada País e das medidas que certamente são tomadas em cada situação específica, antevejo que os problemas gerados com a tal de “pandemia” servirão para que desperte à quem dorme por sobre a mesa do poder de que o sonho acabou, e não é uma pergunta, como fiz em meu primeiro livro escrito após o dia 8 de dezembro de 1980 e que, lá naquele livro, também demostrei de que lutar contra o “establishment” exige muito mais do que as armas comuns.

O mal assola o mundo e as pessoas comuns, em pânico, se isolam em suas casas e se mascaram como se bandidos ou criminosos fossem; e se mascaram com ordem das autoridades. Tais autoridades, porém, se mascaram para esconderem-se da vergonha de não saber lidar com um ataque violento de uma outra potência, agressora e virulenta, covarde e traiçoeira, que não mediu esforços para atingir seus objetivos, mesmo que isso custasse a vida de seus próprios conterrâneos.

Uma pergunta ficará ecoando no mundo inteiro por gerações e gerações: Por que o vírus de tal pandemia, descoberto e originado em Wuhan, atingiu o mundo inteiro e não chegou às portas de Pequim, a capital da China, e de Xangai a capital econômica daquele País?

Diversas outras perguntas ficarão sem resposta, como exemplos: Como antes mesmo da Pandemia ser anunciada a China já tinha vacinas específicas prontas para serem comercializadas? Por que alguns contratos de venda de tal vacina já estavam assinados entre alguns governantes menores de alguns países?

Mas o mal pode gerar benefícios! Parece estranho, mas pode!

Desde que o mundo se converteu numa sociedade, aqui e acolá organizados em grupos, cidades, estados, países, o homem gerou o mal e gerou benefícios e sempre essa dualidade manteve um e outro. Quando se fala, em direito, no benefício da dúvida, essa dúvida já contém “de per si” o mal; dele pode sair o bem ou dele pode sair o caos.

 O “establishment”, que está acima de qualquer nação, mantém acorrentados sob sua guarda a sociedade mundial, seja ela de que ideologia for; assim é que tanto os atores como suas plateias formam apenas um circo comandado por forças, parafraseando Getúlio Vargas, “ocultas”! Tais “forças ocultas” comandam o mundo cada vez mais com grilhões que nos prendem a fazeres invisíveis e, muito em breve, prenderão de tal forma nossos atos que eles advirão de nosso próprio pensamento, também comandado e hoje já manipulado. Aceitamos pacificamente o tom da música e ela tocou sob a égide de um só maestro: A Pandemia!

Retirem desse mal um bem. Cada um para si, se quiserem viver com um pouquinho do que resta da liberdade sonhada. Cada vez mais, nós mesmos, estamos entregando nossa liberdade aos donos do mundo; entregando graciosamente, “livremente”, por nossa vontade e por nossa ignorância.

Livrem-se das máscaras ou estarão condenados a esconderem-se atrás delas! Por medo, por ignorância ou por vergonha.

E, tirem uma lição: Do mal pode ser gerado benefícios!

Que o benefício seja o aprendizado.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

SEMPRE SOLDADO!

Hoje calcei meus coturnos, 
velho borzega de guerra; 
cinco da madruga, como antigamente. 
Saí pelos caminhos, que já não são os de outrora, 
marchando a passos firmes como se estivesse com a tropa. 

É saudade, admito, mas uma saudade gostosa; 
revive-se vivendo e vive-se revivendo; assim é a vida. 

Os velhos coturnos guardados, o último par que usei, de marchas e manobras 
ficaram como recordação; 
e sei de tantos, entre Selmos, Gandons, Mativis, Brandolffs, Darios e Dionisios 
que guardam tantas saudades como as que hoje relembrei. 

Voltei para casa marchando, pois meus pensamentos ninguém vê, 
e de arma no ombro, mochila e satisfação 
bati com pé firme no chão e dei alto ao Pelotão!

domingo, 29 de março de 2020

UMA REFLEXÃO

Estamos em quarentena; resguardo temporário com o objetivo de proteger nosso corpo de uma alardeada pandemia que se espalha pelo mundo; podendo nos atingir com grande intensidade.

10 dias já se passaram de tal isolamento; a solidão é vizinha do medo e da angustiante espera. O mundo está parado, quase apático, perplexo, contemplando o vazio das ruas e o silêncio das multidões, como se não houvesse uma forma de se defender.

Esse tempo vazio e silencioso convida-nos a pensar e uma pergunta se impõe: Será que cada um de nós está aproveitando este interregno de tempo para refletir com mais profundidade sobre o seu existir e a sua missão existencial?

Por que e para que estamos no mundo? O que temos feito no mundo?

Religiosos ou não este momento é propício para o homem curvar-se à possibilidade metafísica e reconhecer da impossibilidade de estarmos sós no mundo. Albert Camus, um filósofo existencialista ateu curvou-se e reconheceu: “Eu não creio na sua ressurreição, mas não ocultarei a emoção que sinto diante de Cristo e dos seus ensinamentos. Perante Ele e a sua história não experimento senão respeito e reverência”.

Neste momento em que observamos uma possibilidade mortal, que nos ataca de forma invisível, cruel, sorrateira, sem que possamos divisá-la, sem que possamos recobrir-nos com armaduras de aço e nos escondermos do perigo, não seria o exato momento de concluirmos que àquilo que não aparece fisicamente é também real?

Não seria o momento de curvar nossa arrogância e definitivamente aceitarmos que o imaterial é parte integrante do mundo material?

Nossas defesas são agora frágeis perante à um perigo mortal que não divisamos, não podemos tocar com as mãos e afastá-lo de nosso corpo. Se o homem pudesse agora ver seu inimigo e implorar por sua vida certamente o faria; mas esse inimigo é invisível!

Por que temos medo do invisível quando nos ataca perigosamente e o sentimos real? E por que negamos o invisível quando ele se apresenta como um Ser de bondade, de salvação, de amor e de fé?

Não foi assim o pensamento do existencialista ateu Camus quando afirmou: “Não ocultarei a emoção que sinto diante de Cristo e dos seus ensinamentos! Perante Ele e a sua história não experimento senão respeito e reverência”!

E os homens da Igreja? Os homens que dizem ter fé? Os homens que oram, rezam e professam uma religiosidade morna e vazia, apenas para que sejam vistos pelos demais pares como tementes a Deus; mas não passam de fantasmas nas igrejas, de autômatos que por imposição do seu meio social se dizem crentes, mas ao primeiro solavanco nas muralhas de um templo correm a se esconder em outras paredes? E os fiéis que abandonam seu melhor amigo à solidão, esquecendo-se da missão que tinham para com o Criador? Sóis fraco homem! Muito fraco e com uma fé morna e adormecida pelo egoísmo que te empurra aos prazeres de pouca relevância.

Onde está tua reverência, tua emoção quando Cristo nos Ensina? Tua fé está aquém da fé de um ateu?

Meus Deus busca esse homem para tua igreja! Salva esse homem que é também teu filho e faze-o curvar-se à nosso Senhor Jesus Cristo, imagem viva em todas as mentes Cristãs que apesar de mais de 2 mil anos fisicamente separado de nós é presença espiritual que nos conforta e nos faz caminhar por esse mundo que tu, ó Deus, nos colocou para expressarmos nossa existência terrena.

Mais de 2 mil anos se passaram, mas está viva em nossa mente a imagem desse Homem que revolucionou o mundo de ontem até hoje, até amanhã e até sempre! Revolucionou o nosso modo de pensar; desde o passado até o presente. Ele nos apontou o caminho que devemos seguir neste mundo e se N’Ele confiarmos estaremos seguros, pois “A tua palavra é lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho”. (Salmos 19:105).

Será que nós, homens do tempo moderno, seguimos a Palavra de tal forma que conseguiremos entender e ver essa luminosidade à nossa frente?

Caminharmos em conformidade com os ensinamentos que nos foi outorgado por Jesus Cristo é o primeiro passo para respondermos ao questionamento sobre por que e para que estamos no mundo.

Nossa existência seria absurda se nada estivesse que ser feito em um mundo que ao mesmo tempo que o fazemos, também nos fazemos neste mundo; pois o homem é um ser em trânsito, a cada passo dado é um fazer e um fazer-se!

Fazer o mundo e se fazer no mundo seguindo os ensinamentos do Criador é caminhar firme e com a certeza absoluta de que não iremos tropeçar. Para tanto deveremos ter sempre em mente a necessidade de afastar os pés de todo caminho mau para obedecer à palavra de Deus. (Salmos 119:101)

Estando de braços dados com o Criador teremos a certeza que encontraremos a resposta para nossa situação de ser existente no mundo e a missão neste mundo. Para tanto também deveremos refletir e nos perguntar: O que tenho feito até agora no mundo?

Àquele que tiver dúvidas deve clamar ao Senhor Deus:

“Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos teus estatutos, e guardá-lo-ei até o fim.
"Dá-me entendimento, e guardarei a tua lei, e observá-la-ei de todo o meu coração.
"Faze-me andar na vereda dos teus mandamentos, porque nela tenho prazer.
"Inclina o meu coração aos teus testemunhos, e não à cobiça.
"Desvia os meus olhos de contemplarem a vaidade, e vivifica-me no teu caminho.
"Confirma a tua palavra ao teu servo, que é dedicado ao teu temor.
"Desvia de mim o opróbrio que temo, pois os teus juízos são bons.
"Eis que tenho desejado os teus preceitos; vivifica-me na tua justiça” (Salmos 119:33/40)

A Bíblia nos aponta para seguir os passos de Jesus: «Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se Àquele que julga justamente; Levando Ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados» (1 Pedro 2,21-24).

Nossa vida terá sentido neste mundo se seguirmos o caminho do Senhor Deus; percorrermos a estrada existencial sabendo porquê estamos aqui e para que estamos aqui! 

Certamente que não estamos sozinhos e isto nos encoraja a caminhar engajados!

Levantemos nossas mãos ao céu e roguemos a Deus que segure nossas vidas!

Compromissamo-nos com a caminhada existencial ao lado de Jesus e certamente a felicidade que encontraremos será inexplicável e para sempre.

Que Deus nos abençoe para que possamos ultrapassar mais um percalço em nosso caminho.


Amem.

sábado, 21 de março de 2020

UM GIRO PELA CIDADE


Já faz algum tempo que deixo meu carro na garagem e caminho pela cidade observando o comportamento humano. Em um domingo desço pela rua de minha morada, uma servidão tranquila e que um dia foi Condomínio de uma única família, e desbravo um cantinho da cidade que escolhi para um tempo. Essa tal ruazinha de que falo, e habito, e que construí meu castelo, é estreita, mas está bem calçada, iluminada com o amarelado tristonho de luzes antigas; algumas portas e janelas próximas a calçada, como em Azenhas do Mar, em Portugal ou Albarracín na Espanha.

Dessas belas recordações de viagem às tristes memórias de certos momentos, a reflexão leva-me à um dia de domingo e relembro que, já passado alguns meses, quando descia pelo mesmo caminho que habituei-me a fazer desde quando resolvi, neste recando, resguardar-me um pouco mais, como a um ermitão, da vida atribulada que tive, deparei-me com um gemido:

-----“Vou morrer!"

-----“Mulher, eu vou morrer?”

Todos iremos morrer..., hoje, amanhã, todos os dias, um dia...

Entristeceu-me àquele lamento de uma pessoa que conheci, mesmo que eventualmente; a voz deixou transparecer não só medo, mas dor e uma certeza escondida na aflição que deve anteceder aos desenlaces humanos.

Toda vez que passo em frente àquela casinha elevo meu pensamento a Deus e faço uma oração por àquela alma.

Os acontecimentos são um turbilhão em meus pensamentos e caminhar pela cidade faz-me pensar sobre cada passo dado, sobre cada espaço em que me extasio ou me entristeço, sobre cada pessoa anônima que vejo.

Aqui e acolá grupos de pessoas sorriem, conversam; alguns cabisbaixos, outros em passos acelerados e àqueles que estão jogando conversa fora e chutando algumas pedras pelos seus caminhos.

Bares; muitos bares, afinal é uma cidade turística e, parece-me, que o único cantinho que sobrou com absoluto silencio é onde volto depois para descansar: O meu castelo, a minha servidão, o meu lar.

Um bar chama minha atenção com mais ou menos 20 pessoas, todos jovens; mais outro bar e mais outro. Estou próximo à universidade e mesmo aos domingos os jovens ali se reúnem.

Um outro recanto de encontros faz meu olhar observar que não somente o calor faz com que as pessoas bebam muito; é o vício, o costume, os encontros entre amigos ou namorados. A bebida é o que permeia todas as mesas e em cada mesa muitas ilusões. São tais ilusões que observo no homem; este ser ereto que equilibra-se em um mundo de exibições. Sozinho, angustia-se; em multidões nunca consegue expressar Alteridade.

Nesse viés seguimos fazendo o mundo e, ao mesmo tempo, nós fazendo no mundo! Uma pergunta, porém, inquieta-me: Que mundo? Que mundo estamos fazendo? Estamos fazendo ou destruindo o mundo já existente?

Enquanto o homem continuar acreditando na sua supremacia e na possibilidade infindável das suas descobertas, sem dar-se conta de reconhecer sua ignorância, finitude e a finitude do próprio mundo, caminhará para antecipar sua própria destruição.

Este homem petulante que se acredita poderoso, empunhando a ciência como um trunfo do seu poderio, nunca observando o que transcende ao mundo e ao seu próprio mundo, morrerá sem saber e sem percorrer o seu infinito.

Observo também que tal poder se desfaz quando tragédias apontam ao homem sua inércia e impotência; então de poderoso torna-se religioso e clama por Deus em orações.

À minha frente uma igreja; sim, em tais andanças também encontro e encontrei muitas igrejas e sem nenhuma curiosidade, como àquelas do tempo de menino, eu perpasso a grande porta de madeira nobre; verniz escuro, torneada com desenhos abstratos em trabalho perfeito do Artífice. Agora não é curiosidade como o menino de um dia; observar tais entalhes é extasiar-se com a arte e reconhecer que a mão do homem quando faz coisas belas tem um aporte divino.

Uma outra arte, a do sermão, ou do discurso, é tarefa de um Padre, quem sabe Dominicano ou seria Jesuíta? Ou Franciscano? A arte de um sermão informa, encanta, orienta e apazigua nossa alma; seja de qual ordem for, o Padre que tem o dom e a arte de falar deixa-nos bastante atentos à seu sermão, quiça como fazia o Padre António Vieira, que hoje se lê com emoção: “Primeiramente, digo que temos hoje nascido de Maria a Cristo, Senhor nosso, não como nasceu há três dias, mas com outro nascimento novo. E que novo nascimento é este? É o nascimento com que nasceu da mesma Mãe daqui a trinta e três anos, não em Belém, senão em Jerusalém. Isto é o que diz o nosso texto, e provo: Maria, de qua natus est Jesus, qui vocatur Christus: Maria da qual nasceu Jesus, que se chama Cristo. - Cristo quer dizer ungido, Jesus quer dizer salvador. E quando foi Cristo salvador, e quando foi ungido? Foi ungido na Encarnação e foi salvador na cruz. Foi ungido na Encarnação quando, unindo Deus a si a humanidade de Cristo, a exaltou sobre todas as criaturas, como diz Davi: Unxit te Deus, Deus tuus, oleo laetitiae, prae consortibus tuis. - E foi salvador na cruz, quando por meio da morte, e pelo preço de seu sangue, salvou o gênero humano, como diz S. Paulo. Factus obediens usque ad mortem, mortem autem crucis. Propter quod et Deus exaltavit illum, et donavit illi nomen, quod est super omne nomen, ut in nomine Jesu omne genu flectatur. - Logo, quando Cristo, Senhor nosso, nasceu em Belém, propriamente nasceu Cristo, mas não nasceu Jesus, nem salvador: nasceu Cristo, porque já estava ungido pela união hipostática com que a Pessoa do Verbo se uniu à humanidade; e não nasceu Jesus nem salvador, porque ainda não tinha remido o mundo, nem o havia de remir e salvar, senão em Jerusalém, daí a trinta e três anos.” (Sermão XIV (1633) - Edição de Referência: Sermões. Vol. V Erechim: EDELBRA, 1998).

Andanças, quem sabe seja este o título adequado para escrever sobre minhas caminhadas que geram reflexões, encontros, sonhos, textos e a certeza, em oposição a Sartre, de que não estamos sós no mundo!

“Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mt 28,20)

Continua...