domingo, 31 de julho de 2011

EXISTENCIALISMO

É fácil ser um ateu, muito fácil!

Difícil é defender a tese oposta, sendo ou não sendo religioso.

Mas, deixando as religiões de lado, será que a existência se resume ao conhecimento superficial deste mundo, a geração de filhos e a tentativa de vê-los felizes e realizados?
                 
Será que esse trânsito existencial, andar em algum recanto da terra, conhecê-lo, desbravá-lo, procriar, ser feliz ou infeliz, crer ou não crer; será que a humanidade se resume somente a isso?
                 
Não é necessário estar associado a congregações religiosas para se ter clara a tese de que o ateísmo é uma maneira superficial e descompromissada de analisar a existência humana.
                 
Muito fácil dizer que existir se resume a perambular pelo mundo que conhecemos ou andar em partes do planeta terra ou, até, em vôos rápidos pela lua ou pelo espaço; saber da existência física de estrelas e planetas e, inclusive, cogitar outras possibilidades. Depois disso, dizer que o viver se resume a nascer e morrer. Isso é muito fácil!
                               
Pois, para mim, o existencialismo poderia ter sido aquele de Sartre, teoricamente em excelentes mãos, com um discurso quase perfeito ungido pelo beneplácito de opositores medrosos e titubeantes. Um existencialismo que quase convence. Mais ainda, deixa-nos impregnados de um discurso intelectual de alta cepa.
                                
Mas o existencialismo sartreano não preenche a interrogação humana, ao contrário, angustia, cria ansiedades, deixando-nos com uma forte sensação psicológica de insegurança. O próprio Sartre reforça: “estamos sós e sem desculpas!” O vazio se instala e perdemos o espírito e a alma, o que resta é o fim do túnel. A linha de chegada para o nada é a morte. Nada mais além do fim.
                               
É esse fim, proposto pelo existencialismo de Sartre, que me inspira a vasculhar mais e melhor, antes do fim do túnel, à procura de uma linha de chegada que possa ser entendida como um “começar de novo”.
                               
A morte como renascimento! A vida como transcurso.
                                
Este novo discurso é o de um existencialismo metafísico, talvez difícil, pois necessitará da maiêutica das idéias.
                                
Esse parto conseguido abrirá ao homem a certeza de que aquilo que é, o é, porque está em si mesmo.
                                
A essência superando a existência como possibilidade permanente e infinita.                              

sábado, 30 de julho de 2011

MISÉRIAS


                  Tão libertino quanto à promiscuidade sexual é uma autoridade permitir que a miséria atinja cidadãos do seu estado a tal ponto de levá-los a prostração por falta de alimento.

                Muito mais miserável do que àquele que morre de fome é o que se locupleta à custa dessa miserabilidade, que se resume entre o “ter e o não ter”.

                   Permissividade mais lascívia não é àquela dos bacanais vividos na Roma antiga, mas a dos bacanais da sociedade moderna que “aparta” seres humanos como animais; de um lado os touros reprodutores e de outro os miseráveis destinados ao abate.
               
                Mas, a pior miséria é àquela em que vive o alienado; não morreu de fome, mas sua alma sucumbiu de anorexia por falta de conhecimento.

terça-feira, 26 de julho de 2011

HOMEM E DEUS

No lugar de chorar e rezar o homem deve agir e resolver os assuntos que cabem aos mortais. É comum no mundo moderno a confusão entre aquilo que é problema mundano e o que se trata de mistério divino. Implorar a interferência de Deus naquilo que compete ao homem é confundir as coisas do mundo material com o metafísico. 

Cabe ao homem resolver seus problemas sem pedir que o Divino interceda em seu favor. No lugar de sonhar, realizar, pois tudo depende de cada um de nós. Transferir as decisões para outro nível é acovardar-se perante a possibilidade de um fracasso; nem todas as coisas acontecem conforme o nosso desejo, portanto, não deveremos ficar preocupados com aquilo que não é possível fazer agora. Sempre haverá tempo para uma tomada de decisão. Fazer hoje ou amanhã, mas fazer, sem esperar milagres oriundos das rezas e das promessas.

Deus está acima de tudo isso!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

EU TE AMO

Talvez seja essa pequena frase a mais popular pronunciada pelos seres humanos. Também, a mais ingênua; desprovida de objetividade, racionalidade e imparcialidade.

Eu te amo significaria, antes de se pronunciar a frase, certamente dirigida a alguém, saber-se o que é o amor (?).

Quando se confidencia a alguém “eu te amo” devemos estar ciente sobre o que me move a esse suposto amor que penso ter. Antes de tudo, estar ciente de que “eu te amo” é desprovido de egoísmo, de satisfação e de prazer subjetivo, posse, poder e propriedade.

Amar é ter desejo, sim; é proteger, também; mas amar, antes de tudo, é deixar o outro Ser.

Ser significa construir meu próprio EU e isso inclui a liberdade de ME expressar, transitar e conviver com o mundo; mundo esse que não é o mundo de nós dois, mas o meu mundo e o teu mundo; o meu mundo e o mundo dos outros. Assim, eu escolho “Ser no mundo” e não somente “estar no mundo”.

Essa comunicação livre e sem amarras é que possibilitará, a cada Ser, a construção do seu EU, que é subjetivo; faz parte do indivíduo; do uno existencial.

O Outro não é nossa propriedade e por isso necessitará da liberdade para transitar no mundo tanto quanto cada um de nós. Ser livre significa ser “dono do seu próprio nariz”; estar ciente de que atrás de si não existe um sensor para dizer o que está certo e o que está errado, pois o certo e o errado também são coisas subjetivas.

Querer o Outro como a uma propriedade é transformar o Ser humano em coisa, objeto, mercadoria; o Outro não é nossa propriedade e por isso eu não o tenho. Não é minha posse; não é minha coisa; não é meu!

As expressões “meu” amor; “minha” amada; “minha” mulher; “meu” marido; meu isso e meu aquilo são as mais erradas do vocabulário humano, porque aquilo que é meu não É.

Minha propriedade; minha biblioteca; meu carro; meu dinheiro são coisas e coisas são desprovidas de SER, portanto, não são no mundo; apenas estão no mundo.

Para SER é necessário não ser, pois o SER não é objeto; não é coisa; não é matéria. O SER é espírito, alma, composição física também, mas impregnado de injunções metafísicas. O SER é essência e existência.

O amor é incondicional, não exige troca, não pede recíproca; amor é dádiva, doação, gratuidade. Amar é constituir-se como o outro para compreender sua essência e deixar livre sua existência.

Essa alteridade pressupõe que o Amor seja o projeto de realizar a assimilação entre o Eu e o Outro. Mas para que o outro possa considerar-me assim é preciso que ele possa querer, isto é, ser livre; por isso, a posse física, a posse do outro como coisa, é no Amor, insuficiente e decepcionante. É preciso que o outro seja livre para querer amar-me e para ver em mim o infinito.

Dizer “eu te amo” sem entender essa alteridade é confundir amor com paixão. A paixão é transitória e temporal; o amor é perene e atemporal.

“Eu te amo” não se consubstancia caso houver a necessidade da pergunta “tu me amas” (?) porque “eu te amo” não exige condição.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

PENSÃO ALIMENTÍCIA: um bom negócio! - parte II

A pensão alimentícia, tanto a paga pelo homem (quase sempre é o homem quem paga) quanto àquela que poderá ser paga pela mulher, deveria ser efetivamente para o alimentando; mas nenhum Juiz controla isso. Aplica-se a "pena" e está encerrado o caso. O "prejudicado" depois que procure seus direitos.

O triste de tudo isso é que, no meio da confusão, está o filho(a).

Mas nos dias de hoje quem está interessado no sentimento da criança? a mãe? o pai? o juiz? os advogados? ou, metendo o bedelho como quem se acha guardião da criança, a promotoria pública?

Pasmem, ninguém está pensando no bem da criança! Pior, tem promotores que se acham os psicólogos da questão e dão pareceres os mais esdrúxulos possíveis.

Quando aqui me refiro a "bem" não é o mesmo que entende o juiz. Bem, para mim, o maior bem, é o sentimento. E todos esses "intermediários" que mencionei agem como se a criança não tivesse sentimento.

Uma teoria espírita diz que os filhos escolhem seus país; minha teologia não é suficientemente madura para poder se contrapor a essa teoria mas, se assim for, a responsabilidade dos genitores torna-se mais evidente.

Ninguém procria sozinho, ainda. Homens e mulheres são responsáveis pelo nascimento de um outro ser; mas nem sempre essa responsabilidade está clara.

Muitas mulheres engravidam pensando na pensão alimentícia que irão receber, outras engravidam sem ter consciência da responsabilidade futura; outras ainda, engravidam sem nem saber porquê. É claro que o homem também tem a responsabilidade sobre uma gravidez mas, não está alardeado pelo mundo inteiro de que a mulher é dona do seu corpo? Que a mulher é quem decide sobre uma possível gravidez? Não é a mulher que reinvidica o direito ao abortamento por decisão exclusivamente sua?

Mesmo que o homem queira um filho é a mulher quem decide se aceita ou não uma gravidez. Isso não se discute mais. No mundo moderno, das relações abertas, das mães da produção independente, o homem tornou-se, para algumas, um objeto de uso descartável. A própria televisão, com suas novelas "educativas" apresenta personagens que "ensinam" às mulheres formas de relacionamentos amorosos do tipo pilha alcalina, é boa enquanto dura; e a duração do relacionamento é sempre efêmera. Exemplos de descarte estão não somente no meio artístico, mas é deles que se colhe as informações quase diárias do casa-descasa. Pior é que de cada "casamento" resulta um ou dois filhos.

A vida comum não é diferente da vivida por artistas. Muitos filhos são gerados sem nenhum compromisso ético com o ser humano. Mães apresentam seus filhos como troféus. Muitas porque a pensão alimentícia é polpuda; outras porque a criança aformoseada pode concorrer ao título de "miss" isso ou aquilo.
 
É um absurdo os concursos de beleza infantil! Um mercantilismo infâme que explora o sentimento das crianças e colhe frutos financeiros que não retornam aos concorrentes.

Não menos infâme são mães que brigam por pensões de trezentos mil reais com o argumento de que "não é possível nem ao menos comprar fraldas descartáveis com essa quantia". Parece piada mas não é!

Romário já foi preso por atrasar uma pensão de 50 mil; Mick Jaeger paga 90 mil e assim por deante; Fernando Henrique pagou uma fortuna e manteve o filho na Europa aos cuidados da bem paga mãe (ver matéria em "Leia Também").

Não estou defendendo Fernando Henrique, basta lerem a matéria anterior; estou preocupado é com os filhos dos fernandos e mônicas que são trocados pelo quinhão pecuniário e desamados por conta do infortúnio de tê-los ou por conta da fortuna em tê-los.

Mas, e esse dinheiro realmente é para o alimentando?
 
Não importa quanto ganha Romário ou Jaeger ou quanto ganhava Fernando Henrique, o que importa é, sim, a criança; tenho certeza que não é o dinheiro a maior necessidade de um filho.

Longe do pai ou da mãe dinheiro algum pagará os problemas futuros que ficarão gravados no inconsciente de qualquer ser humano sobre sua infância perdida.

Muitos pais não dispõem do valor exigido pelas ex-"amadas" como pensão alimentícia e são obrigados a discutir na justiça um valor exeqüível. Isso é um tormento! Primeiro pela morosidade da justiça e depois pela amargura de ver que a contenta judicial apresenta uma disputa entre pai e filho; na verdade essa contenta é entre mãe e pai, mas, é o nomezinho do filho que se afigura no processo contra seu pai. Lamentável!

A ex-"amadas" agora são desafetas; o que antes era meu bem agora é "meus bens". O que importa é "ferrar" um ao outro, como se isso fosse resolver mágoas e desacertos; como se isso fosse resolver o desamor existente; como se isso fosse trazer novamente o sentimento perdido. O mesmo serve para os ex-"amados".

Por que não deixar a justiça de lado para ser justo e buscar o bem maior? E que bem maior seria esse? A criança, lógico. Dividir entre duas pessoas um ser para que o amor à esse ser seja completo. Não vamos dividir uma criança em duas mas somar o amor de pai e mãe doado-o incondicionalmente.
 
Não existe sacrifício quando se quer realmente bem nosso filho. E o desejo do filho é ver seus pais também felizes, sem contentas ou pendengas.

Que a mensagem sirva de lição!