sexta-feira, 10 de junho de 2022

O QUE RESTA DE UMA VIDA?

Dedilhando pela manhã meus pensamentos deparei-me com a recordação de um tempo passado não muito distante; voltei aos anos 60! 

1960 foi a época em que iniciei o aprendizado da minha primeira profissão, a de radialista, e também quando trabalhei na primeira emissora de Rádio daquela minha carreira, que se prolongou até eu optar pela vida militar.

Rádio Real Ltda, Canoas, Rio Grande do Sul. 

Meu Pai gerenciava a parte técnica daquela emissora, como "Chefe de Locutores e Técnicos de Som", além de ser Discotecário, Programador, Locutor, Produtor Executivo e Disc-Jóquei (como eram chamados, naquele tempo, os críticos de música; lembrando que meu pai foi músico e maestro antes de se tornar radialista); o Diretor Geral era Luiz Carlos Bauer, também sócio da Rádio Real, embora minoritário. 

Os "donos", como se dizia, eram da família Pertille, de Cachoeira do Sul, e o patriarca Ernesto Pertille comandava a rede de emissoras que se somavam à Rádio Real: As Rádios Princesa de Porto Alegre, de Candelária e de Cachoeira do Sul, onde a família Pertille residia. Além das rádios também constava um projeto de Televisão, que seria o mais moderno do Rio Grande do Sul; infelizmente não foi concluído por conta das vicissitudes  da vida.

Renê Pertille, uma figura corpulenta que desenhava com um charuto à boca seu perfil sisudo, era o filho do "dono"; era também o técnico em eletrônica da rede de rádios e o responsável técnico pela futura televisão. Essa figura completava o inconsciente lúdico de um adolescente ainda criança, que tinha habilidades como técnico de som, mas que também tinha curiosidade por eletrônica; desenhava-se a visão ainda lúdica que se completaria no futuro. 

Estávamos no ano de 1962 e eu completaria 13 anos de idade no próximo mês de Dezembro.

O "menino", curioso por eletrônica, tinha admiração pela habilidade que sobrava naquele "velho" Renê Pertille, que esporadicamente aprecia na Rádio Real, muito mais para buscar dinheiro do que para consertar algum equipamento, afinal ele era o "dono", ou o filho do "dono".

Mas o que sobrou daqueles homens? O que sobrou de uma vida?

Retorno a figura patriarcal de Ernesto Pertille e percorro os mapas da internet onde encontro um nome de rua e um Colégio em Cachoeira do Sul.

Sobrou da vida de Ernesto Pertille um CEP e uma escola que, por um tempo indeterminado, viverão em seu lugar.

C'est la Vie!