sábado, 2 de agosto de 2008

DIGRESSÕES

Hoje, exatamente às seis horas eu levantei; levantei, pois, acordado já estava, desde as cinco horas, refletindo sobre os últimos acontecimentos políticos em nosso País.

Como se fosse o toque da alvorada “pulei” da cama em um salto, exatamente às seis horas.

Movido talvez pelo ímpeto da saudade fui direto ao banheiro e me barbeei, coisa que já não fazia há vários anos; minha barba estava aparada, mas eu me tornei um “barbudo” desde os tempos em que fui para a reserva, embora minha barba não refletisse posições ideológicas. Hoje me barbeei; movido, talvez, pela saudade. Andei de um lado para o outro não mais de dois minutos e abri um velho baú; dele retirei meus coturnos, ainda usáveis, mas empoeirados. Coloquei, com os dedos ágeis do soldado, contornando furo a furo, os cadarços em uma fileira senoidal para, depois de me vestir, calçar o “velho borzega” de guerra. Logo após, revirei o baú e encontrei a calça camuflada de tantas manobras, limpa, mas ainda com o perfume do campo e das velhas guerras travadas. Não encontrei meu cinto N.A. mas me salvei com o V.O. de fivela sem brilho, necessitando de um “silvo” ou “brasso”. E a jaqueta? Onde estaria minha jaqueta? Achei uma camisa sem manga, também camuflada, mas que foi um presente, que recebi de um norte–americano, numa de minhas visitas a Florida. Preferiria que fosse a velha guerreira das manobras de Saicã, lá pelas bandas do Rio Grande, que ainda recordo com saudade.

Perambulei pela sala, agora vestido (ou uniformizado?) e desci as escadas da minha casa, embora pensasse... “que bom seria se fosse as escadas do alojamento e esse, um dos momentos de prontidão, pois, pelo menos, eu teria a certeza de que alguma coisa estaria acontecendo”.

Pisei a terra, escutei o som do vazio e percebi, “nada de novo debaixo do Sol”.

O Brasil é o mesmo, mas a nação esta quieta, calada, amordaçada; onde será que andam os brasileiros (?!) me questionei, acrescentando também uma exclamação muda e preocupada ao pensamento.

O coturno respondeu ao tempo, mostrando-me que a matéria envelhece e finda, ao ranger no solo e apertar o peito do meu pé. Caminhei, afinal sempre foi assim, é preciso se acostumar ao calçado e o calçado ao pé. E a pisada firme azeitava o onirísmo de idéias alquebradas que a vida tece pelo tempo e que se esvai pelas águas existenciais.

Forcei a vista, para fugir de um sonho, afinal, hoje, o Brasil está muito bem, pois, a Amazônia não está sendo devastada; o MST não está fortemente armado, municiado, quem sabe, para enfrentar até ao Exercito Brasileiro que, esse sim, dispõe de armamento altamente sofisticado; combustível suficiente para mover seus modernos M113 e até, quem sabe, o “ultra novo” conceito tecnológico guardado a sete chaves, o CCL, que deve estar em algum canto sendo olhado com entusiasmo. As favelas não estão eivadas de traficantes com metralhadoras, granadas e mísseis; as FARC não entraram no Brasil e não estão alojadas em Ministérios; O Ministro da Justiça não é o comandante das Forças Armadas, que hoje estão sendo chamadas de Polícia Federal, e que muitos acreditam que o verdadeiro nome seja Polícia Política, isto é estória! E os Políticos... Hã? O que é isso?

Tento melhorar a visão para ver se vislumbra alguma coisa no horizonte, mas é mero esforço de um alquebrado que ainda sente em seu peito infante a força e a energia dos homens que amam sua pátria e “nunca temem lutar”!

“Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”!

Mero sonho!

Jusqu'à demain!

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