domingo, 1 de dezembro de 2013

SACANAGEM POR SACANAGEM...

Pois, voltando ao assunto sobre relações conjugais e extra-conjugais, conversas sempre polêmicas, arrisco a dizer que o relacionamento extra conjugal é uma safadeza; uma grande safadeza de um dos cônjuges se o outro não souber, não estiver de acordo e não pagar com a mesma moeda. 

Não quero usar a palavra "trair", é muito forte e expressa uma outra conotação, muitíssimo mais grave.

Hoje a tarde encontrei um amigo que me confidenciou que sacaneava a esposa com uma solteirita.

Perguntei-lhe: - tua esposa sabe? 

A resposta: - tá louco? Claro que não!

Respondi-lhe: - Pois devias contar...

Não vou digitar o palavrão que estrondosamente foi vociferado pelo amigo, mas acrescento que soou a seguir uma advertência sobre um tal sigilo masculino em que os homens são parceiros e se defendem mesmo que para isso a verdade seja lançada à lama.

Pensei comigo: mas que é uma sacanagem com a esposa, hááá isso é! Custa contar?

Custa! E como custa! Na verdade a sacanagem só é sacanagem quando escondida do outro; não sendo, é compartilhamento da vadiagem.

Mas, me coloquei no lado sacaneado... Enquanto não descobrir a sacanagem o ego não arranha; entretanto, quando descobrir, o arranhão vai arder como se o sulco fosse maior do que na realidade o é.

Sem querer ser melodramático, a tal de dor da paixão não é nem um pouquinho interessante; é preferível não senti-la. Talvez por isso que, o sacaneado, muitas das vezes, nem queira saber da tal de sacanagem.

Deixe o sacana se locupletar, um dia ele se lasca!

Esse dia não falha. Cedo ou tarde o camarada se ferra.

Vejamos outro exemplo:

Um outro amigo, dos velhos tempos, sacaneava a esposa com uma novinha; (claro, são sempre as novinhas!) uma paixão de arder as orelhas, mesmo as mais geladas! A novinha estava caída de amores pelo velho amigo que não tinha se dado conta que seu trânsito existencial já tinha ultrapassado muito mais que o dobro da caminhada neste mundo da sua recente apaixonada; uma ruivinha esguia, cabeluda (daquelas que entopem os ralos dos banheiros com mechas de cabelos oxigenados, dando trabalho em dobro para as faxineiras dos motéis); enfim, para ele aquela sua recente paixão tinha como resultado os olhares dos amigos invejosos e já caquéticos e o desdém das mulheres que a vida já tinha surrado com as marcas profundas daquilo que convencionamos chamar de tempo. 

- Que sortudo(!) exclamavam alguns; 

- Parece avô da menina (!) diziam outros. 

Mas, creio, parecer o pai já seria um castigo suficiente.

- Tu parece o pai da ruiva (!) exclamei; não sem levar logo a seguir um safanão do amigo que se dividia entre o lar construído a quase meio século e o quitinete que frequentava fortuitamente em horas de fuga e de tesão reprimida mas que pagava regiamente o aluguel, um pouco alto, uma vez que o contrato não podia sair em seu nome (coisas de homem precavido).

Alguns anos mais tarde eu o reencontrei cabisbaixo.

- Mas o que foi tchê? Parece triste!

Imediatamente pela posição da cabeça, tombada à frente e com o nariz embicado para o chão, percebi que alguma coisa a mais estava pesando não sobre seus ombros, mas, mais acima.

É o ônus que se paga pelas paixões e volúpias em detrimento da parceria e da maturidade racional.

Voltando ao primeiro amigo, a solteirita sabe que o sacana é casado, e topou a brincadeira. 

Portanto, dois sacanas, sacaneando alguém incauto ou alguma alma sábia que não se quer machucar com dores que não lhes pertence. 

A solteirita topou a brincadeira? 

Nada disso! Preparava sorrateiramente seu futuro. Pé de meia tem que ser feito enquanto o tempo não marca os lugares reservados ao sol e aos fiozinhos de uma tal peça que um dia foi chamada de biquíni.

Enquanto esse tal amigo se disfarçava de garotão a tal solteirita se instalava confortavelmente no seu ego aformoseando o caminho para deixa-lo com olhos cor de rosa e, depois, a ver navios.

Dito e feito!

Tão logo faltou lenha no fogo da paixão, meu amigo se deu conta de que em casa nunca faltou lenha pois o amor é fogo perene e arde sem braseiro.

Ao querer retornar ao seu berço esplêndido foi surpreendido por um parzinho de sapatinhos cor de rosa, desses de boneca, com um bilhetinho sacana: você vai ser papai!

Sacanagem por sacanagem; seu prêmio tinha chegado: se lascou!

Teve sorte aquele amigo; enfim teve sorte!

Voltou para casa com o rabo entre as pernas, um filho a mais e um apartamento a menos; menos um carro e... bem vamos deixar barato.

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