terça-feira, 7 de junho de 2011

ALTERIDADE

É comum em nosso cotidiano não observarmos o princípio da alteridade. Não nos vem à consciência, no momento em que cruzamos com outras pessoas; que avistamos; que esbarramos, muitas vezes sem pedir desculpas, talvez pelo apressado dessa vida, e até quando conversamos com alguém conhecido; não está presente na consciência que o outro é minha cópia, fruto dessa perfeição incomensurável que é o mistério da vida.

Da forma mais singela e simples poderemos apresentar o outro como minha cópia humana; qualquer pessoa que cruze nosso caminho tem um pai e uma mãe; é um filho ou filha; tem irmãos, irmãs ou ambos. Sente as mesmas necessidades que eu sinto. Necessita do mesmo ar para respirar. Ama; é amado; tem momentos de raiva, de tristeza;  enfim, o ser humano não é diferente em nada de suas características objetivas.

A subjetividade, entretanto, é um emaranhado de idiossincrasias e mistérios, até para si próprio. E isso cada um de nós, que nos vemos nessa objetividade explícita, devemos respeitar pois até nesses mistérios somos iguais sem sermos os mesmos.

O mistério da existência humana e sua incrível perfeição deveria ser fonte de inspiração para o homem "abrir-se" ao outro. Nenhuma pessoa humana deixa de ser humano caso não tenha um dedo; nenhuma pessoa humana deixa de ser humano por sofrer de esquizofrenia; nenhuma pessoa humana deixa de ser humano se for portador de macrocefalia ou síndrome de Joubert, mesmo que, na maioria dos casos, ocorra o deficit intelectual.

Creio ser o momento de colocarmos na fila de prioridades de nossa consciência uma dose maior de amor incondicional ao outro, seja próximo, seja distante, seja desconhecido, pois a raça humana é uma só e todos nós estamos no mundo sem desculpas ou, como diria Sartre, sozinho e sem desculpas (é necessário ler Sartre para entender "sozinho e sem desculpas").

Por maior que seja o patamar evolutivo que o humano irá alcançar, certamente, o mistério da vida nunca será desvendado e essa perfeição impossível de ser imitada, fabricada, copiada ou seja lá o que ainda iremos inventar. Nunca, mesmo a proveta, conseguirá um homem ou uma mulher sem a existência de um homem e uma mulher.

Esse o mistério; c'est la vie!

Portanto, olhe o outro como a si próprio!

4 comentários:

Aline Goulart disse...

Primeiramente, quero agradecer a sua visita no meu cantinho, seu comentário me deixou muito feliz. Obrigada pelo carinho.

Eu também morei algum tempo fora do nosso Sul amado, mas voltei...

Concordo contigo, o Judiciário necessita um pouco mais de humanização e sensibilidade, pois lidamos com vidas.

Gostei muito do seu texto. Atualmente, o normal é olhar para si, pensar só no "ter". Esquecendo de "ser". Sendo que a melhor parte da vida é viver as coisas mais simples, como a doçura de um sorriso, um abraço sem interesse, um ombro amigo, etc. Pelo princípio da Alteridade, o eu só existe a partir do outro, não é?
Estou seguindo o seu Blog. Sempre que der estarei por aqui.

Beijinhos da conterrânea que está passando frio, risos.

♪ Sil disse...

Ira,


Eu gosto muito dos seus textos.

Tem verdades gritantes.

Parabéns pelos posts, pelo blog.

Um abração!

Néia Lambert disse...

Uma bela reflexão, de fato, temos que olhar o outro com igualdade de direitos e deveres.

Um abraço.

Aline Goulart disse...

Obrigada pela visita e uma ótima quinta.