É comum em nosso cotidiano não observarmos o princípio da alteridade. Não nos vem à consciência, no momento em que cruzamos com outras pessoas; que avistamos; que esbarramos, muitas vezes sem pedir desculpas, talvez pelo apressado dessa vida, e até quando conversamos com alguém conhecido; não está presente na consciência que o outro é minha cópia, fruto dessa perfeição incomensurável que é o mistério da vida.
Da forma mais singela e simples poderemos apresentar o outro como minha cópia humana; qualquer pessoa que cruze nosso caminho tem um pai e uma mãe; é um filho ou filha; tem irmãos, irmãs ou ambos. Sente as mesmas necessidades que eu sinto. Necessita do mesmo ar para respirar. Ama; é amado; tem momentos de raiva, de tristeza; enfim, o ser humano não é diferente em nada de suas características objetivas.
A subjetividade, entretanto, é um emaranhado de idiossincrasias e mistérios, até para si próprio. E isso cada um de nós, que nos vemos nessa objetividade explícita, devemos respeitar pois até nesses mistérios somos iguais sem sermos os mesmos.
O mistério da existência humana e sua incrível perfeição deveria ser fonte de inspiração para o homem "abrir-se" ao outro. Nenhuma pessoa humana deixa de ser humano caso não tenha um dedo; nenhuma pessoa humana deixa de ser humano por sofrer de esquizofrenia; nenhuma pessoa humana deixa de ser humano se for portador de macrocefalia ou síndrome de Joubert, mesmo que, na maioria dos casos, ocorra o deficit intelectual.
Creio ser o momento de colocarmos na fila de prioridades de nossa consciência uma dose maior de amor incondicional ao outro, seja próximo, seja distante, seja desconhecido, pois a raça humana é uma só e todos nós estamos no mundo sem desculpas ou, como diria Sartre, sozinho e sem desculpas (é necessário ler Sartre para entender "sozinho e sem desculpas").
Por maior que seja o patamar evolutivo que o humano irá alcançar, certamente, o mistério da vida nunca será desvendado e essa perfeição impossível de ser imitada, fabricada, copiada ou seja lá o que ainda iremos inventar. Nunca, mesmo a proveta, conseguirá um homem ou uma mulher sem a existência de um homem e uma mulher.
Esse o mistério; c'est la vie!
Portanto, olhe o outro como a si próprio!
Portanto, olhe o outro como a si próprio!
4 comentários:
Primeiramente, quero agradecer a sua visita no meu cantinho, seu comentário me deixou muito feliz. Obrigada pelo carinho.
Eu também morei algum tempo fora do nosso Sul amado, mas voltei...
Concordo contigo, o Judiciário necessita um pouco mais de humanização e sensibilidade, pois lidamos com vidas.
Gostei muito do seu texto. Atualmente, o normal é olhar para si, pensar só no "ter". Esquecendo de "ser". Sendo que a melhor parte da vida é viver as coisas mais simples, como a doçura de um sorriso, um abraço sem interesse, um ombro amigo, etc. Pelo princípio da Alteridade, o eu só existe a partir do outro, não é?
Estou seguindo o seu Blog. Sempre que der estarei por aqui.
Beijinhos da conterrânea que está passando frio, risos.
Ira,
Eu gosto muito dos seus textos.
Tem verdades gritantes.
Parabéns pelos posts, pelo blog.
Um abração!
Uma bela reflexão, de fato, temos que olhar o outro com igualdade de direitos e deveres.
Um abraço.
Obrigada pela visita e uma ótima quinta.
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