sexta-feira, 29 de março de 2013

EAD, O ENSINO A DISTÂNCIA

Não sou avesso a mudanças, tampouco me oponho ao progresso pois, como professor, tenho interesse na superação do conhecimento, só assim haverá evolução científica. Apesar disso, andei relutando, a contragosto, com algumas idéias voltadas ao EAD, Educaçã a Distância.

No início do ano 2000 o EAD era incipiente no Brasil; nada havia de concreto para sua implantação e a única experiência datava de cursos por correspondência idealizados há mais de 50 anos. Naquela época minha experiência na área era totalmente adquirida junto à instituições norte-americanas, portanto, contrária às interpretações do MEC e da CAPES.

Com mentalidade ortodoxa os responsáveis por essas instituições no Brasil não "viam" com bons olhos o modelo norte-americano. Tampouco eu, pois para o Brasil minha convicção é que não funcionaria tendo em vista a cultura dos estudantes que, cada vez mais, se convertia naquilo que "apelidei", à época, de anorexia literária. 
  
Quem não gosta de ler não pode estudar a distância!

Esse motivo fez com que eu mantivesse uma postura conservadora em relação ao ensino a distância.

Mesmo parecendo uma contradição, ao mesmo tempo que eu tinha uma postura conservadora em relação ao EAD no Brasil, desenvolvia projetos, dentro do modelo norte-americano, com objetivo de adaptá-lo à cultura brasileira para que não se tornasse um mero "curso por correspondência".

Fiz isso em projetos no nível de pós-graduação, especificamente para programas de mestrado.

Adaptei o sistema norte-americano, mesclando aulas presenciais uma vez por semana e, posteriormente, de 15 em 15 dias, através de um convênio entre uma universidade norte-americana e outra brasileira.

O programa inteiro era da universidade norte-americana, entretanto com aulas presenciais desenvolvidas no Brasil com professores brasileiros.

Ao término das disciplinas, com estudos a distância e as aulas presenciais, o aluno desenvolveria sua dissertação, acompanhado pelo seu orientador, e a defenderia nos Estados Unidos. Em seguida, ao melhorar o projeto, implantei a defesa da dissertação no Brasil, podendo a banca ser constituída por professores indicados pelas universidades conveniadas.

Como todo o programa era norte-americano a titulação seria concedida pela universidade daquele país.

A CAPES resistiu ao projeto e, com auxílio da imprensa abelhuda e totalmente despreparada quando se trata de analisar criticamente e com rigor científico qualquer atividade inovadora, desestimulou a continuidade daquele convênio.

A seguir, e não muito tempo depois, a mesma CAPES, que havia desestimulado um projeto experimental no nível de pós-graduação, portanto de alunos com experiência e cultura em estudar sem monitoramento, uma vez que pesquisam e escrevem suas dissertações apenas com orientação esporádica, aplaude o MEC que implanta o EAD em cursos de graduação, sem qualquer preocupação que não fosse o de massificar o ensino e conceder diplomas à revelia da qualidade e do rigor científico que deveria ter quando se trata de formar alunos para o exercício de uma profissão. Diferente da pós-graduação, que tem como objetivo qualificar, aperfeiçoar, especializar.

O que se viu no EAD do MEC foi, mais uma vez, a proliferação de instituições caça niqueis, preocupadas unicamente em arrecadar financeiramente, o que já é comum na esfera das instituições particulares de nível "superior" em nosso país.

A massificação do EAD, implantando-o em cursos de graduação, só beneficiou as instituições que visavam o lucro e não a qualidade no ensino; atendeu aos interesses políticos daqueles que estavam e estão no poder, beneficiando-os com o discurso sofista de que a educação agora avançava e possibilitava o ingresso de muito mais jovens ao nível superior. 


Criaram assim o mito do diploma e a ilusão de que o nível superior é para todos.

"Universidade para todos" (!), invenção de políticos que nunca se interessaram com a educação, muito menos, eles próprios, se prepararam intelectualmente e profissionalmente a partir de um curso superior, e que transformou o ensino brasileiro em piada para o resto do mundo; em que pese a alta qualificação dos profissionais brasileiros oriundos das escolas tradicionais, já desmontadas pela política da massificação, e dos competentes professores ainda na trincheira lutando desesperadamente para que o agonizante sistema educacional brasileiro não entre em coma. 

Um comentário:

Astrid Annabelle disse...

Ando revoltada com a qualidade do ensino nas escolas brasileiras Ira.
Também sou professora e professora de coração.
O que se vê hoje por aí é lastimável... nem de longe e nem de perto.
Acho que estou ficando velha!!!!!kkkk
Mas diante do que ocorre nas escolas é melhor estudar em casa.
Lamento pelos professores de boa intenção.
E quanto ao que escreveu no post... só digo uma coisa..Claro!!! Sempre o dinheiro à frente de tudo!!!
Beijos
Astrid Annabelle