segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

VAMOS TOMAR CAFÉ?

Já faz algum tempo que ando desiludido com a cultura do livro, da leitura. Em todo o mundo está disseminada uma outra cultura: A da Anorexia Literária! Já escrevi anteriormente um texto a respeito e continuo acreditando que se o apetite pela leitura se esvai; da mesma forma desce ladeira abaixo a possibilidade do senso crítico ter meios de se alimentar. Estamos caminhando em direção a morte das idéias; sepultando a possibilidade de controlarmos o mundo e deixando a tecnologia nos contaminar a tal ponto que seremos, em breve, escravos de máquinas. 

Parece uma contradição: Escravos de nós mesmos!

O avanço tecnológico só foi possível pela inteligência e magnitude do pensamento humano, mas esse pensamento foi forjado por homens que buscaram o conhecimento e se convenceram que conhecer é superar o próprio conhecimento. As idéias devem ser incessantemente confrontadas com suas antíteses para que possam se manter no topo do desenvolvimento. Assim, dia após dia, chegamos ao que antes não era possível a não ser pelo pensamento.

Pensar é criar a possibilidade...

O pensamento deve ser forjado na leitura, como ferro e fogo, pois o metal mais forte é forjado na chama mais quente. Ler alimenta a alma mas também as idéias que deverão ser, sempre, testadas e reavaliadas. Uma ideia que se mantém inalterada é como chama que se apaga por falta de lenha no fogo. É necessário realimentar as idéias e através da leitura o fazemos incessantemente. O livro é o meio para tal procedimento e se o mantivermos fisicamente melhor ainda, pois saboreá-lo página a página é como pássaro sorvendo o néctar da flor, gota a gota.

O desenvolvimento tecnológico deve continuar mas se pararmos de pensar, de alimentar o pensamento e de sobrepujar idéias ficaremos escravos de uma construção que se estagnará no tempo; por si só a tecnologia não avançará a não ser construindo máquinas  que um dia escravizarão o homem.

Será que já não somos escravos das máquinas?

Houve um tempo que meu pai cortava lenha para alimentar a lareira que aquecia a casa; minha mãe cozinhava ao fogão onde ardia o fogo, mantido pela mesma lenha; a tardinha, quando aproximava-se a noite, a luz ainda era a de "candieiros" e "lampiões", ou mesmo da lareira que ainda aquecia a casa com as brasas avermelhadas que sobraram de uma das dádivas da natureza que o homem se utilizava para seu conforto. Não existiam botões que controlavam o acender ou apagar de luzes e tampouco as máquinas para lavar a roupa ou a louça; não sonhava-se com ar-condicionado e tampouco com um despertador que não fosse o galo que cantarolava todas as manhãs no mesmo horário, sem atrasar. Levantar-se, abrir a janela e respirar o ar perfumado da manhã era bem diferente do ar que respiramos hoje nas grandes cidades; não tinha o mesmo perfume que hoje respiro, na mesma avenida de outrora. Tudo mudou! 

É necessário que se continue a mudança, mas adaptá-la e reencetá-la para o rumo mais adequado ao ser humano.

Ler é buscar esse rumo, desenvolvendo idéias e alimentando o pensamento.

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